Quem disse indignado na
semana passada: “A política está apodrecida no Brasil”?
E quem disse: “É preciso
acabar com partidos laranjas, de aluguel, que utilizam seu tempo [de propaganda
eleitoral no rádio e na TV] para fazer negócio"?
Por último, quem disse que
deveriam “ser consideradas crime inafiançável doações de empresas privadas para
partidos”?
Está de pé? Melhor sentar.
Foi Lula quem disse. Acredite!
Estou de acordo: não é de
hoje que Lula diz o contrário do que faz. Ou afirma algo que nega amanhã. Ou
simplesmente reescreve fatos conhecidos.
Procede assim porque acha
que a política é para ser feita assim. Aprendeu de tanto observar os costumes
alheios quando era líder sindical ou político novato.
Aprendeu, também, depois de
perder três eleições presidenciais seguidas.
Agora, chega! –
concluiu em 1998 ao ser derrotado pela segunda vez por Fernando Henrique. Deve
ser por isso que sempre o trata mal. Parece esquecido de que foi cabo eleitoral
dele.
Adiante.
Lula mandou chamar à sua
presença o presidente do PT, à época José Dirceu. E ordenou-lhe que jogasse as
regras do jogo para elegê-lo. Não estava mais disposto a bancar o bobo.
A semente do escândalo do
mensalão caiu em terra fértil quando Lula, na companhia de José Alencar, seu
futuro vice, assistiu à compra por pouco mais de R$ 6 milhões do apoio do PL do
então deputado Valdemar Costa Neto.
O negócio foi fechado em um
apartamento de Brasília. Lula e Alencar ficaram no terraço. Dirceu, Delúbio
Soares, tesoureiro do PT, e Valdemar, se trancaram num quarto.
O efeito devastador sobre o
governo do escândalo do mensalão obrigou Lula a convocar uma cadeia nacional de
rádio e de televisão para pedir desculpas aos brasileiros.
Uma vez terminado o
julgamento do mensalão, disse que ele jamais existiu. E acusou o Supremo
Tribunal Federal, cuja maioria dos ministros foi nomeada por ele, de ter se
curvado à pressão da mídia.
Incoerência? Que nada.
Esperteza!
Em 2005, Severino Cavalcanti
(PP-PE), presidente da Câmara dos Deputados, renunciou ao cargo e ao mandato
para escapar de ser cassado. Recebera um mensalinho pago pelo dono de um
restaurante.
Lula saiu em defesa dele
três anos depois. Afirmou que o respeitava muito. E culpou parte da “elite
paulista” pela queda de Severino. Ainda não existia a “elite branca” capaz de
vaiar Dilma.
A um amigo, em conversa
recente, Lula referiu-se a Dilma como “aquela mulher”. Lamentou não ter
combinado abertamente com ela que a substituiria já este ano como candidato a
presidente.
Dilma conta a história de
que consultou Lula sobre seu desejo de voltar ao poder. E diz que ele negou o
desejo.
Antes de se lançar candidato
do PSB à vaga de Dilma, Eduardo Campos ouviu de Lula que não disputaria a
eleição.
O “Volta, Lula!” esfriou. O
“Me acode, Lula!” só faz esquentar. Para tristeza de Dilma.
Ela imaginou que chegaria às
vésperas da eleição deste ano menos dependente de Lula. Mas não. Em primeiro
lugar, depende de Lula para se reeleger. Em segundo, do engenho e arte do seu
marqueteiro.
O tempo de propaganda
eleitoral de Dilma será três vezes maior que o de Aécio e cinco vezes maior que
o de Eduardo. Por que?
Porque Lula costurou uma
aliança de 10 partidos, a maioria de aluguel, que doou a Dilma seu tempo de
propaganda em troca de dinheiro e de cargos no governo.
Se tudo der certo, Lula
promete acabar com os meios reprováveis que teriam ajudado Dilma a se reeleger.
Você acredita?